quarta-feira, 29 de abril de 2009

De que serve a vida se não para ser vivida? - uma breve reflexão sentida sem sentido talvez.

Já não importa tanto o que passou. As feridas já não jorram e os cortes aos poucos fecham-se. Os hematomas verdes, roxos, escuros, clareiam e não deixam marcas.

O medo do abismo se transforma na ânsia pelo que está por vir e não mais no remorso do que passou.

E que venha a cavalaria! Meu escudo é firme e minha armadura leve, porém forte.

Meu grito pode ser ouvido a milhas de distância e meu silêncio sentido por toda a imensidão do espaço.

Minha presença é meu cartão de visita, e as palavras são conseqüências de quem eu sou. Pois o que se fala nem sempre é compreendido ou bem explícito. Mas o que se percebe transborda ao corpo em alma revelada ou segredos escondidos.

A tristeza, antiga companheira, sai de férias e não faz falta. Há tanto outros companheiros prontos a dividirem sua atenção que permito-me conhecê-los melhor.

Viver, não é necessário um manual para isso, e mesmo que pareça meio tarde para essa percepção, sempre é cedo para se ter satisfação.

Então que o leite derramado seja limpo e o pano lavado até não sobrar seu cheiro podre. E que possa-se então sentir o cheiro úmido do sereno, com as cores do nascer do sol, e o sorriso da criança perdida e reencontrada.

E que todos possam de alguma maneira entender estas palavras, mas não como eu as escrevo, mas para si mesmos. E que de algum modo, descubram como viver a vida porque ela não nos deixa. Nós quem a deixamos.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Corre Lua, corre...


Corre Lua, corre... mas não se esqueça de equilibrar
Corre Lua, corre, mesmo sem saber aonde irá
A paisagem fica para trás, o vento leva seu respirar
Não há muito o que apreciar
O tempo não permite parar
Corre Lua, corre, se cair deve levantar
Corre Lua, corre... em algum lugar deve chegar

29.04.2006


Há muito tempo escrevi esses versos para mim. Hoje encontro-me na mesma sensação. Tantas horas passando diante de mim, tantas coisas para resolver, comemorar, viver. Parece que as 24 horas do dia não são suficientes para viver a vida como deveria. Mas ao mesmo tempo, se houvessem mais horas no dia, a certeza me grita que seriam mais horas corridas.

A sociedade louca criou um ritmo e estilo de vida desenfreado em vários sentidos. Precisamos de mais e mais tempo, cada vez mais. Você trabalha, estuda, está sempre se atualizando e há quem no meio dessa rotina exigida pelo melhor desempenho e capacidade, ainda encontre tempo para relaxar.

Difícil visualisar isso. Tempo. Relaxar. Aos poucos as pessoas desaprendem a parar, e assim, quando param logo procuram algo para se ocupar. Começam então os vícios. Um mal atual e crescente em uma sociedade desesperada por um forma - fácil, prática, instantânea - de satisfação, de prazer.

Outras caem no desespero do vazio de não saber como organizar sua vida, seu tempo, sem ficar para trás. O automático entra no dia a dia como um hóspede sem data de partida, e o dia a dia vira uma rotina imutável. Os imprevistos tornam-se pesadelos devastadores que perseguem a todos.

As relações humanas esfriam e a concorrência ganha peso. A balança desiquilibrada de uma vida aos trancos e barrancos aumentam as salas de espera de consultórios psiquiátricos e psicológicos.

Busca-se paz, compreensão, satisfação, contato humano, suporte, tempo!

É aí que eu entro.

Ajudar, ensinar, dar suporte... Desmistificar. Eu diria permitir as pessoas reaprenderem a falar consigo, com seu tempo, com seu limite. Esquece-se o que é bom, ou melhor, esquece-se de como o bom é bom. Vira segunda, terceiro, quarto plano na vida, até que deixa de fazer parte da vida. E as pessoas nem lembram mais a última vez que foram ao cinema.

Onde nossa sociedade vai parar?
Atualmente ela passa isso às crianças, na escola, no esporte, no francês, no inglês, na aula particular, no reforço, no dever, no ter que... e onde fica o lúdico, o poder, o parar, o brincar?

Desde cedo educamos a serem o que nos tornamos e do que no fundo, queremos fugir...
Mas se nós damos conta, por que elas não dariam?

Melhor eu parar por aqui. Já gastei muito tempo escrevendo, e você aí do outro lado, lendo.