terça-feira, 14 de julho de 2009
Somos! Somos?
Dizem por aí que o ser humano é um ser bio-psico-social. Às vezes me pergunto qual dessas esferas é a mais complicada de todas, o biológico fugindo ao nosso controle? O psicológico nos controlando? Ou o social nos saturando e nos faltando. Sempre nos influenciando - em atos, pensamentos ou sentimentos.
Somos um conjunto orgânico, de variáveis ambientais, físicas, emocionais, situacionais, comportamentais, culturais, que por mais que tentemos sempre nos dão a volta até percebermos quão insignificantes podemos ser em determinados momentos.
Sentimo-nos cheios e vazios. Seguros e indecisos. Fortes e exaustos. Esperançosos e pessimistas. E ao mesmo tempo que a instabilidade aniquila, também nos traz a capacidade extraordinária de se rever e se reerguer todos os dias.
Queremos estar sós, queremos estar junto. Não sabemos o que queremos. Pensamos demais em coisas de menos. Sentimos pouco o que ocorre muito e nos incomodamos com detalhes supérfluos que nos atrapalham consideravelmente - mais pelo incomodo presenciado do que pelo que realmente representam em nosso dia a dia.
Julgamos e não queremos ser julgados. Não entendemos e queremos ser compreendidos. Repreendemos e queremos ser aceitos.
Somos complexos de tão simples. E tão perdidos por sermos tão complexos.
Somos humanos.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Crônica das memórias de Minas
Ai, que saudade daquele tempo em que a gente morria de amor e não de atropelamento... Ai, que saudade do contento de um bolo fumegante de fubá, simplório e realista, que agradava qualquer paladar! Aquilo sim, calava os subúrbios escuros da mente da criança chorosa que acabara de tomar um sopapo estúpido do velho que fedia a álcool e a suor.
Tomávamos muito café desde pequenos, aquele cheiro vinha com o brinde de um beijo de avó, que parece pedir perdão ao neto pelo pecado de seu filho triste e bruto.
Os cães cegos da rua Álvares de Azevedo cheiravam o chão à procura de restos de lixo com os ouvidos atentos aos automóveis velhos que por vezes passavam rente às suas silhuetas magras. Os vizinhos escaldavam os gatos, belas criaturas que passeavam nos telhados, que morriam nus, sem pêlo, com as retinas opacas e as bocas abertas como que em sede.
Odiava quando minha mãe metia a tesoura no meu cabelo, logo um cabelo tão delicado, castanho e fino que escorria na face, caía pelo chão, podada, a única e suave determinante da identidade feminina da criança. Talvez por isso eu gostasse tanto daquele vestidinho vermelho (e único) e da sapatilhas gastas de correr.
Nada era melhor que estojo novo de canetinhas coloridas e o cheiro do papel recém saído do Xerox para a mesa da sala de aula. Quem tinha fome, não reclamava da canjica da Dona Tereza, cozinheira da cantina, mãe de muitas bocas, e de outras suas, noturnas, que mal alimentava em sua casa. Minha mãe era professora, e eu era igual a todas as crianças.
Cachorro, galinha, marreco, vaca e cavalo. Férias nos cafundós do pobre Judas, móveis coloniais com couro gasto, à noite telas de mosquiteiros e som de radinho à pilha, eu escovava os dentes com a escova da minha prima que sabia tudo sobre os bichos e as proezas da natureza com seus olhos profundos acostumados ao silêncio bucólico.
Presente muito caro de tia era a medalhinha finíssima de Nossa Senhora folheada a ouro. Os três reis magos entrando com violas adornadas com fitas coloridas e flores na casa da avó materna religiosa, prendas, orações e comida farta, ninguém conseguiu explicar até hoje aquele cheiro forte de rosas quando a imagem da Nossa Senhora da rosa Mística foi levada ao centro da sala da matriarca, viúva quando ainda nova, com a prole de onze filhos. Dizia ser a sua santa protetora.
Retalhos macios unidos num cozer perfeito de coloridos geométricos, colcha que dava sono pelo seu cheiro de limpeza, já tantas vezes lavada, e pelo cheiro familiar próprio das coisas que se compartilham numa casa de família grande. Todos os meus primos eram meus irmão, e eram tantos os filhos, que todos os adultos eram pais e mães de todos nós e, como apanhava-se menos dos pais dos outros do que dos nossos, aprontávamos em dobro.
(continua...)
Tomávamos muito café desde pequenos, aquele cheiro vinha com o brinde de um beijo de avó, que parece pedir perdão ao neto pelo pecado de seu filho triste e bruto.
Os cães cegos da rua Álvares de Azevedo cheiravam o chão à procura de restos de lixo com os ouvidos atentos aos automóveis velhos que por vezes passavam rente às suas silhuetas magras. Os vizinhos escaldavam os gatos, belas criaturas que passeavam nos telhados, que morriam nus, sem pêlo, com as retinas opacas e as bocas abertas como que em sede.
Odiava quando minha mãe metia a tesoura no meu cabelo, logo um cabelo tão delicado, castanho e fino que escorria na face, caía pelo chão, podada, a única e suave determinante da identidade feminina da criança. Talvez por isso eu gostasse tanto daquele vestidinho vermelho (e único) e da sapatilhas gastas de correr.
Nada era melhor que estojo novo de canetinhas coloridas e o cheiro do papel recém saído do Xerox para a mesa da sala de aula. Quem tinha fome, não reclamava da canjica da Dona Tereza, cozinheira da cantina, mãe de muitas bocas, e de outras suas, noturnas, que mal alimentava em sua casa. Minha mãe era professora, e eu era igual a todas as crianças.
Cachorro, galinha, marreco, vaca e cavalo. Férias nos cafundós do pobre Judas, móveis coloniais com couro gasto, à noite telas de mosquiteiros e som de radinho à pilha, eu escovava os dentes com a escova da minha prima que sabia tudo sobre os bichos e as proezas da natureza com seus olhos profundos acostumados ao silêncio bucólico.
Presente muito caro de tia era a medalhinha finíssima de Nossa Senhora folheada a ouro. Os três reis magos entrando com violas adornadas com fitas coloridas e flores na casa da avó materna religiosa, prendas, orações e comida farta, ninguém conseguiu explicar até hoje aquele cheiro forte de rosas quando a imagem da Nossa Senhora da rosa Mística foi levada ao centro da sala da matriarca, viúva quando ainda nova, com a prole de onze filhos. Dizia ser a sua santa protetora.
Retalhos macios unidos num cozer perfeito de coloridos geométricos, colcha que dava sono pelo seu cheiro de limpeza, já tantas vezes lavada, e pelo cheiro familiar próprio das coisas que se compartilham numa casa de família grande. Todos os meus primos eram meus irmão, e eram tantos os filhos, que todos os adultos eram pais e mães de todos nós e, como apanhava-se menos dos pais dos outros do que dos nossos, aprontávamos em dobro.
(continua...)
quarta-feira, 29 de abril de 2009
De que serve a vida se não para ser vivida? - uma breve reflexão sentida sem sentido talvez.
Já não importa tanto o que passou. As feridas já não jorram e os cortes aos poucos fecham-se. Os hematomas verdes, roxos, escuros, clareiam e não deixam marcas.
O medo do abismo se transforma na ânsia pelo que está por vir e não mais no remorso do que passou.
E que venha a cavalaria! Meu escudo é firme e minha armadura leve, porém forte.
Meu grito pode ser ouvido a milhas de distância e meu silêncio sentido por toda a imensidão do espaço.
Minha presença é meu cartão de visita, e as palavras são conseqüências de quem eu sou. Pois o que se fala nem sempre é compreendido ou bem explícito. Mas o que se percebe transborda ao corpo em alma revelada ou segredos escondidos.
A tristeza, antiga companheira, sai de férias e não faz falta. Há tanto outros companheiros prontos a dividirem sua atenção que permito-me conhecê-los melhor.
Viver, não é necessário um manual para isso, e mesmo que pareça meio tarde para essa percepção, sempre é cedo para se ter satisfação.
Então que o leite derramado seja limpo e o pano lavado até não sobrar seu cheiro podre. E que possa-se então sentir o cheiro úmido do sereno, com as cores do nascer do sol, e o sorriso da criança perdida e reencontrada.
E que todos possam de alguma maneira entender estas palavras, mas não como eu as escrevo, mas para si mesmos. E que de algum modo, descubram como viver a vida porque ela não nos deixa. Nós quem a deixamos.
O medo do abismo se transforma na ânsia pelo que está por vir e não mais no remorso do que passou.
E que venha a cavalaria! Meu escudo é firme e minha armadura leve, porém forte.
Meu grito pode ser ouvido a milhas de distância e meu silêncio sentido por toda a imensidão do espaço.
Minha presença é meu cartão de visita, e as palavras são conseqüências de quem eu sou. Pois o que se fala nem sempre é compreendido ou bem explícito. Mas o que se percebe transborda ao corpo em alma revelada ou segredos escondidos.
A tristeza, antiga companheira, sai de férias e não faz falta. Há tanto outros companheiros prontos a dividirem sua atenção que permito-me conhecê-los melhor.
Viver, não é necessário um manual para isso, e mesmo que pareça meio tarde para essa percepção, sempre é cedo para se ter satisfação.
Então que o leite derramado seja limpo e o pano lavado até não sobrar seu cheiro podre. E que possa-se então sentir o cheiro úmido do sereno, com as cores do nascer do sol, e o sorriso da criança perdida e reencontrada.
E que todos possam de alguma maneira entender estas palavras, mas não como eu as escrevo, mas para si mesmos. E que de algum modo, descubram como viver a vida porque ela não nos deixa. Nós quem a deixamos.
terça-feira, 14 de abril de 2009
Corre Lua, corre...
Corre Lua, corre... mas não se esqueça de equilibrar
Corre Lua, corre, mesmo sem saber aonde irá
A paisagem fica para trás, o vento leva seu respirar
Não há muito o que apreciar
O tempo não permite parar
Corre Lua, corre, se cair deve levantar
Corre Lua, corre... em algum lugar deve chegar
29.04.2006
Há muito tempo escrevi esses versos para mim. Hoje encontro-me na mesma sensação. Tantas horas passando diante de mim, tantas coisas para resolver, comemorar, viver. Parece que as 24 horas do dia não são suficientes para viver a vida como deveria. Mas ao mesmo tempo, se houvessem mais horas no dia, a certeza me grita que seriam mais horas corridas.
A sociedade louca criou um ritmo e estilo de vida desenfreado em vários sentidos. Precisamos de mais e mais tempo, cada vez mais. Você trabalha, estuda, está sempre se atualizando e há quem no meio dessa rotina exigida pelo melhor desempenho e capacidade, ainda encontre tempo para relaxar.
Difícil visualisar isso. Tempo. Relaxar. Aos poucos as pessoas desaprendem a parar, e assim, quando param logo procuram algo para se ocupar. Começam então os vícios. Um mal atual e crescente em uma sociedade desesperada por um forma - fácil, prática, instantânea - de satisfação, de prazer.
Outras caem no desespero do vazio de não saber como organizar sua vida, seu tempo, sem ficar para trás. O automático entra no dia a dia como um hóspede sem data de partida, e o dia a dia vira uma rotina imutável. Os imprevistos tornam-se pesadelos devastadores que perseguem a todos.
As relações humanas esfriam e a concorrência ganha peso. A balança desiquilibrada de uma vida aos trancos e barrancos aumentam as salas de espera de consultórios psiquiátricos e psicológicos.
Busca-se paz, compreensão, satisfação, contato humano, suporte, tempo!
É aí que eu entro.
Ajudar, ensinar, dar suporte... Desmistificar. Eu diria permitir as pessoas reaprenderem a falar consigo, com seu tempo, com seu limite. Esquece-se o que é bom, ou melhor, esquece-se de como o bom é bom. Vira segunda, terceiro, quarto plano na vida, até que deixa de fazer parte da vida. E as pessoas nem lembram mais a última vez que foram ao cinema.
Onde nossa sociedade vai parar?
Atualmente ela passa isso às crianças, na escola, no esporte, no francês, no inglês, na aula particular, no reforço, no dever, no ter que... e onde fica o lúdico, o poder, o parar, o brincar?
Desde cedo educamos a serem o que nos tornamos e do que no fundo, queremos fugir...
Mas se nós damos conta, por que elas não dariam?
Melhor eu parar por aqui. Já gastei muito tempo escrevendo, e você aí do outro lado, lendo.
terça-feira, 31 de março de 2009
Zelig
Agora eu vou sair de trás do filósofo e falar a verdade:
Eu era feliz quando não achava que precisava comprar um carro;
Eu era feliz, quando acreditava na arte que eu fazia, e já não faço;
Era feliz quando tinha mais amigos envolvidos com arte e não com o emprego público;
Eu era feliz quando saía com estes amigos com15 reais e bebia pra cacete no bar do Brás;
Eu era feliz quando não me importava de não ter celular;
Era feliz quando não me importava tanto com a minha aparência;
Quando eu não tinha medo de envelhecer;
Eu era feliz quando tinha medo de morrer, tinha medo porque eu era feliz;
Eu era feliz quando não tomava tantos anti-
Eu era feliz quando não achava que precisava comprar um carro;
Eu era feliz, quando acreditava na arte que eu fazia, e já não faço;
Era feliz quando tinha mais amigos envolvidos com arte e não com o emprego público;
Eu era feliz quando saía com estes amigos com15 reais e bebia pra cacete no bar do Brás;
Eu era feliz quando não me importava de não ter celular;
Era feliz quando não me importava tanto com a minha aparência;
Quando eu não tinha medo de envelhecer;
Eu era feliz quando tinha medo de morrer, tinha medo porque eu era feliz;
Eu era feliz quando não tomava tantos anti-
depressivos.
Agora o mundo me engoliu, está me digerindo no estômago pútrido da Capital Federal onde multidões de Zeligs estão atormentando minha existência.
Afinal quem são vocês, Zeligs de Brasília? Peace and love o cacete... De tanto se moldar, se adequar a verve e a inteligência vão esvaindo. Eu me assusto com a rapidez com que as pessoas mudam de opinião, de gosto, de caráter, de humor. Zeligs loucos, depravação de personalidade!
Eu preciso sair dessa cidade e viver meu sonho que soa tão estúpido aos ouvidos de quem não quer ouvir.
Será que as pessoas estão tão destituídas de senso crítico, de critérios para barrar o ridículo de suas vidas, que a má mídia e a opinião alheia (alheia à tudo) influenciem tanto seu comportamento?
Cada vez mais as propagandas me causam terror. O apelo sexual, o apelo ao humor grotesco e à supremacia da imbecilidade onde tem gente (juro que não é exagero) que se encantam pela proposta de propagandas que afirmam que carro é chamariz de top model , que o álcool tem papel de inclusor social e iogurte pra prisão de ventre trás uma felicidade contagiante para as mulheres.
Você é o seu celular, seu carro, a marca da sua roupa, seu piercing, seu cargo. Você acha que você é isso? Eu não.
Que bosta de vida é essa?
Eu não quero um apartamento em Águas Claras, não quero me matar pra comprar um carro do ano, não quero gasolina, etiqueta, restaurante, moda, aliança, filhos, celular, carteira assinada, reputação, reconhecimento, gratidão, Domingão do Faustão, manicure, pedicure, terapeuta, internet wireless, etc...
Eu voltei para essa droga de cidade para tentar estudar, arrumar um estágio e pagar uma quit. Não consegui arrumar um estágio, nem emprego e por conseqüência, fiquei sem a quit.
Pode me chamar de perdedora, foda-se. Não dá para ter uma vida simples em Brasília, é preciso muito dinheiro pra tudo. Levava uma vida simples, me fodi por causa disso, não me adaptei. Sou ambiciosa, mas as minhas ambições são outras, o dinheiro deveria ser conseqüência dessas conquistas.
Eu sou egoísta mesmo, quero fazer o que eu gosto, trabalhar no que eu quero, se não der, trabalhar por um ganho justo já que teria de fazer o que eu não gosto, nunca deixar de estudar, morar com meus amigos em Minas, em um lugar onde eu consiga pagar (o convite é tentador), ouvi-los ensaiar suas músicas no “quarto-estúdio”, comer o que tiver, tomar cerveja barata, poder ir andando à pé à padaria, escrever, pintar, ler e estudar canto nas horas livres e ser a pessoa mais feliz deste mundo.
Eu sei o quanto isso pode soar pueril ou imaturo, mas é verdade, a minha verdade, não acredito em verdades absolutas que não sejam as das equações matemáticas..
Estou puta da vida.
A pessoa que amo nem sequer tem a pretensão de algo parecido, tudo deve ter grande segurança e planejamento envolver dinheiro e tempo demais, eu nem sei onde eu entro nesses planos, eu só sei que o tempo não tem preço, que a juventude não volta e a velhice não vai dar troco. Por conta disso, sigo por aqui mesmo tentando transformar tripa de calango em quitute culinário requintado, só não sei até quando vou agüentar.
O tempo é a coisa mais preciosa do mundo, e eu não quero ter essa morte em vida.
Agora o mundo me engoliu, está me digerindo no estômago pútrido da Capital Federal onde multidões de Zeligs estão atormentando minha existência.
Afinal quem são vocês, Zeligs de Brasília? Peace and love o cacete... De tanto se moldar, se adequar a verve e a inteligência vão esvaindo. Eu me assusto com a rapidez com que as pessoas mudam de opinião, de gosto, de caráter, de humor. Zeligs loucos, depravação de personalidade!
Eu preciso sair dessa cidade e viver meu sonho que soa tão estúpido aos ouvidos de quem não quer ouvir.
Será que as pessoas estão tão destituídas de senso crítico, de critérios para barrar o ridículo de suas vidas, que a má mídia e a opinião alheia (alheia à tudo) influenciem tanto seu comportamento?
Cada vez mais as propagandas me causam terror. O apelo sexual, o apelo ao humor grotesco e à supremacia da imbecilidade onde tem gente (juro que não é exagero) que se encantam pela proposta de propagandas que afirmam que carro é chamariz de top model , que o álcool tem papel de inclusor social e iogurte pra prisão de ventre trás uma felicidade contagiante para as mulheres.
Você é o seu celular, seu carro, a marca da sua roupa, seu piercing, seu cargo. Você acha que você é isso? Eu não.
Que bosta de vida é essa?
Eu não quero um apartamento em Águas Claras, não quero me matar pra comprar um carro do ano, não quero gasolina, etiqueta, restaurante, moda, aliança, filhos, celular, carteira assinada, reputação, reconhecimento, gratidão, Domingão do Faustão, manicure, pedicure, terapeuta, internet wireless, etc...
Eu voltei para essa droga de cidade para tentar estudar, arrumar um estágio e pagar uma quit. Não consegui arrumar um estágio, nem emprego e por conseqüência, fiquei sem a quit.
Pode me chamar de perdedora, foda-se. Não dá para ter uma vida simples em Brasília, é preciso muito dinheiro pra tudo. Levava uma vida simples, me fodi por causa disso, não me adaptei. Sou ambiciosa, mas as minhas ambições são outras, o dinheiro deveria ser conseqüência dessas conquistas.
Eu sou egoísta mesmo, quero fazer o que eu gosto, trabalhar no que eu quero, se não der, trabalhar por um ganho justo já que teria de fazer o que eu não gosto, nunca deixar de estudar, morar com meus amigos em Minas, em um lugar onde eu consiga pagar (o convite é tentador), ouvi-los ensaiar suas músicas no “quarto-estúdio”, comer o que tiver, tomar cerveja barata, poder ir andando à pé à padaria, escrever, pintar, ler e estudar canto nas horas livres e ser a pessoa mais feliz deste mundo.
Eu sei o quanto isso pode soar pueril ou imaturo, mas é verdade, a minha verdade, não acredito em verdades absolutas que não sejam as das equações matemáticas..
Estou puta da vida.
A pessoa que amo nem sequer tem a pretensão de algo parecido, tudo deve ter grande segurança e planejamento envolver dinheiro e tempo demais, eu nem sei onde eu entro nesses planos, eu só sei que o tempo não tem preço, que a juventude não volta e a velhice não vai dar troco. Por conta disso, sigo por aqui mesmo tentando transformar tripa de calango em quitute culinário requintado, só não sei até quando vou agüentar.
O tempo é a coisa mais preciosa do mundo, e eu não quero ter essa morte em vida.
domingo, 29 de março de 2009
O mundo em que vivemos e o mundo no qual gostaríamos de viver...
Não existe um mundo perfeito. Podemos até idealizar, mas quando menos esperamos, a realidade bate à nossa porta.
Trilhamos caminhos diferentes aos quais sonhamos na infância. Isso não quer dizer que sejam piores ou que não nos realizem, são apenas diferentes. Às vezes, por não serem como imaginados, não nos permitimos ver quão bom são. Apegamo-nos tanto ao que não temos e ao que queremos, que simplesmente não percebemos o que é possível e o que realmente nos satisfaz.
O ser humano tem essa característica intrínseca de desejar sempre mais, uma falta que nunca se completa. Ao não sentir-se totalmente realizado, como conseqüência , talvez por ignorância, talvez por comodismo, talvez por incapacidade, começa a responsabilizar o externo por suas dificuldades e seus projetos não realizados. Com isso, muitas vezes não percebe suas conquistas e prazeres, pois as expectativas estão muito acima do que é possível concretizar. Seu foco torna-se o que não possui, ao invés do que o completa. Assim, acredita que a responsabilidade disso vem de fora e não de si mesmo.
Não, não acho que devamos esperar menos, sonhar baixo ou desejar pouco. Mas sim, acho que devemos além de buscar nossas expectativas, também vivenciar o aqui e agora. Permitir-se lambuzar-se ao saborear as conquistas realizadas. Sem pressa. Vivenciar o momento o quanto for possível e preciso. Desejar, mas permitir-se satirfazer-se.
Faz parte abrir mão de coisas por outras, e se isso é visto por muitos como um problema, uma subordinação, ou infelicidade; eu vejo como uma troca. Há escolhas que fazemos em prol de uma maior satisfação ou de alguns benefícios. O difícil talvez seja mediar esse processo. Permitir-se aceitar ou trocar sem esvaziar-se, sem ultrapassar seus limites e sem sentir-se preso,enjaulado.
A tendência é começar a culpar a vida e os outros por nossas submissões, sem perceber que nós mesmos entramos na jaula e jogamos a chave fora. Isentamo-nos de qualquer responsabilidade sobre nosso destino e não percebemos que sofremos diariamente por nossas próprias escolhas e medos.
Precisamos olhar para dentro de nós e desvendar quais escolhas deixamos de tomar que nos deixaram tão domesticados a ponto da vida parecer sem sentido. Quais atitudes nos assustam tanto que preferimos colocar na mão de outros nosso destino aos invés de lutarmos por nossos desejos. Quais portas de nossa consciência precisamos reabrir e adentrar.
“Qual será a chave que precisa ser recuperada?”
terça-feira, 24 de março de 2009
E ela sentou e contemplou o seu fracasso
Estando em estado de mais absoluta tristeza e desesperança ela sentou-se em seu pequeno mundo e ponderou:
“Não tenho mais auto-estima, não tenho mais o básico da sobrevivência....
Não consigo me alimentar e por muito pouco me mantenho viva, parei de fumar e minha essência se acabou, recuperei o pouco que me resta de saúde e de vida e perdi o que me era de mais valioso, perdi minha identidade, morri para poder ressuscitar!”
Num suspiro dolorido e corrosivo ela continuou ali parada a prantear a sua dor:
“Quanto mais fico aqui, mais me sinto vilipendiada, mais meu tempo se esgota e menos amor sinto correr em minhas veias...
Será a idade que me faz esvair ou serão os anos dedicados a amores ingratos e a dores infindáveis que me fizeram sucumbir?”
Dessas idéias jogas ao léu, revelaram-se cada vez mais perguntas mordazes:
“Serei eu fraca? Ou serei forte demais para aceitar o fracasso de um coração falido? Mais uma vez errei? Ou será que nunca acertei? Perguntas demais, respostas? Nunca as terei!!!!! É um relacionamento falido? Serei eu o motivo da falência? Ou será meu coração rebelde que nunca aceitará um dono e morrerá solitário como os dias que me cercam?
Terei paz se não aceitar o meu cálice ou terei de bebê-lo até a última amarga gota?"
Sopesou por um momento e a batalha mental voltou a enlouquecê-la:
“A resposta parece tão improvável! Serei minha ou do mundo? Serei cruel ou só mundana? Farei aquilo que nunca fiz?
Quero ser livre!!!! A liberdade custa felicidade alheia?!?! Serei livre não respeitando meus princípios? Sou prisioneira deles? Ou sou eu porque os sigo?
Durmo ao teu lado porque me acostumei a ser menosprezada? Ou aqui fico por me sentir maior? Sou só eu ou tu realmente fazes falta?
Creio que eu me faço falta! Alguém sabe onde estou?
Como foi possível ser derrotada por mim?
Onde estarei? Me encontrarei amanhã?
Acho que vou sucumbir a um de meus pesadelos mais terríveis... serei para todo sempre eu!!!!!”
E num momento de estranha sobriedade ela grita para seu coração:
“Acho que estou doente... acho que dessa vez é pra sempre... acho que posso... eu sempre posso... me dá náuseas pensar em ti... mas hoje não vou vomitar... bebi ... quero ficar amortecida um tempo... posso esquecer... posso perdoar... mas não a mim....”
Então, sem mais e sem respostas, ela toma a saída dos infelizes e desiludidos, embebe-se do espírito de Cleópatra e parte para terras distantes.
“Não tenho mais auto-estima, não tenho mais o básico da sobrevivência....
Não consigo me alimentar e por muito pouco me mantenho viva, parei de fumar e minha essência se acabou, recuperei o pouco que me resta de saúde e de vida e perdi o que me era de mais valioso, perdi minha identidade, morri para poder ressuscitar!”
Num suspiro dolorido e corrosivo ela continuou ali parada a prantear a sua dor:
“Quanto mais fico aqui, mais me sinto vilipendiada, mais meu tempo se esgota e menos amor sinto correr em minhas veias...
Será a idade que me faz esvair ou serão os anos dedicados a amores ingratos e a dores infindáveis que me fizeram sucumbir?”
Dessas idéias jogas ao léu, revelaram-se cada vez mais perguntas mordazes:
“Serei eu fraca? Ou serei forte demais para aceitar o fracasso de um coração falido? Mais uma vez errei? Ou será que nunca acertei? Perguntas demais, respostas? Nunca as terei!!!!! É um relacionamento falido? Serei eu o motivo da falência? Ou será meu coração rebelde que nunca aceitará um dono e morrerá solitário como os dias que me cercam?
Terei paz se não aceitar o meu cálice ou terei de bebê-lo até a última amarga gota?"
Sopesou por um momento e a batalha mental voltou a enlouquecê-la:
“A resposta parece tão improvável! Serei minha ou do mundo? Serei cruel ou só mundana? Farei aquilo que nunca fiz?
Quero ser livre!!!! A liberdade custa felicidade alheia?!?! Serei livre não respeitando meus princípios? Sou prisioneira deles? Ou sou eu porque os sigo?
Durmo ao teu lado porque me acostumei a ser menosprezada? Ou aqui fico por me sentir maior? Sou só eu ou tu realmente fazes falta?
Creio que eu me faço falta! Alguém sabe onde estou?
Como foi possível ser derrotada por mim?
Onde estarei? Me encontrarei amanhã?
Acho que vou sucumbir a um de meus pesadelos mais terríveis... serei para todo sempre eu!!!!!”
E num momento de estranha sobriedade ela grita para seu coração:
“Acho que estou doente... acho que dessa vez é pra sempre... acho que posso... eu sempre posso... me dá náuseas pensar em ti... mas hoje não vou vomitar... bebi ... quero ficar amortecida um tempo... posso esquecer... posso perdoar... mas não a mim....”
Então, sem mais e sem respostas, ela toma a saída dos infelizes e desiludidos, embebe-se do espírito de Cleópatra e parte para terras distantes.
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