"A noite sorri com a inocência de uma criança que cativa a um primeiro olhar... ela nos toma em seus braços, tocando-nos levemente ao soprar do vento... de repente os pensamentos perdem-se em meio à música e estrelas... Em um céu escuro e limpo, uma lua procura se esconder.
A conversa e seu som tornam-se distantes, agora apenas rumores que se perdem em sussurros para não restar muito mais do que a vaga sensação de não estar completamente só.
Mas a solidão brinda com o vento gélido da noite e seu abraço já não é, há muito, aconchegante.
As imagens ao redor transformam-se em borrões coloridos que se confundem entre si, tornando tudo uma cor única. Formas não mais visíveis, sensações impossíveis de serem descritas... os movimentos se confundem quando percebidos e a mente não mais responde ao que poderia um dia, ter feito um sentido qualquer.
O corpo dança sua própria dança enlouquecida, sem controle, sem barreiras, sem nada a temer.
Molhado de suor, louco por se expor, baila ao som da lua e adormece ao canto do vento... o amanhecer agora o guardará.
E a movimentação louca do que a rodeia vai se dissipando, não há como saber ao certo quando passou a ser desapercebida ou em que momento começou a não mais perceber."
luaazul_ 18.02.2005
Sempre gostei de escrever e pensar em sensações. Nesse texto acima elas simplesmente aparecem transbordadas de emoções.
É interessante como nossas sensações não necessariamente condizem com a realidade. Mas muitas vezes com nossas necessidades, satisfações, desejos ou até mesmo inseguranças.
Não interessa como estamos, mas como nos percebemos. Sentir-se pequeno talvez seja o mais assutador de todos os sentimentos; não visualizar qualquer possibilidade para sair desse estado, a mais assustadora de todas as impressões; não conseguir fazer nada a respeito, a mais assustadora sensação de impotência.
Dar-se ao direito, reconhecer-se não tão forte, e permitir-se desabar são coisas que assustam para uma pessoa acostumada a fazer-se de forte o tempo inteiro. Independende de se o faz por escolha ou necessidade. Com o tempo apega-se a tal sensação que fica difícil largá-la.
Não sentir medo. Medo é o termômetro de nossa segurança, mas ele também é o veneno paralisador de todos nossos órgãos. Com a música de sua flauta as varias melodias ficam em nossas mentem e mexem com nossa realidade e sentimentos.
Pan! Eis o deus pagão que inspirou a origem e significado da palavra pânico. Dizia que este deus grego gostava de descansar à tardinha nas sombras das árvores e que ninguém ousava incomodá-lo, pois caso o acordassem, ele ficava tão irritado que soltava um rugido pavoroso, que podia-se ouvir a longas distâncias, e que ao ouvirem tal som, as pessoas ficavam perplexas e paralisadas... cheias de pavor.
Pior do que estar sozinha, é sentir-se sozinha. Pior do que uma situação dolorosa, é não conseguir vê-la passar. Pior do que a dor, é o medo.
Às vezes dá vontade de ficar no cantinho, quieto, sem participar de toda a imensidão lá fora.
Às vezes dá vontade de pular de cabeça.
Muitas vezes não dá vontade nenhuma.
É estranho não conseguir formar uma idéia, mesmo quando procuramos desesperados por ela.
Esperar... talvez seja esse o grande desafio.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
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4 comentários:
Déa,
Que texto profundo, adorei!
Sua neo-simbolista! rsrs
E esse seu texto de 2005 nem cheguei a conhecer antes, lindo demais!
Bjo da irmã Débora :)
Lindo Texto Déa. Arrasou!
Adoro textos sinestésicos! Olha, temos que sair para dançar, sério! è bom para transpirar(literalmente)tudo o que está nos oprimindo.
Experimentee fisicamente alguma das sensasões menos comuns que você descreveu, acho que faria com que você as compreendesse melhor, e se libertasse das correntes.
Acho que é uma forma de dialética do corpo com a mente, da coerência da poesia com o mundo!
Adoro textos sinestésicos! Olha, temos que sair para dançar, sério! è bom para transpirar(literalmente)tudo o que está nos oprimindo.
Experimentee fisicamente alguma das sensasões menos comuns que você descreveu, acho que faria com que você as compreendesse melhor, e se libertasse das correntes.
Acho que é uma forma de dialética do corpo com a mente, da coerência da poesia com o mundo!
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