Um dia tive que partir e aceitar que não haveria mais volta.
Dada a minha natureza guerreira não me conformei de pronto. Me sacudi tanto quanto alguém que passa na EPIA em reforma, chutei como atacante do Gama, fiz tanto barulho quanto as cigarras na primavera, discursei como os político no Congresso, dei voltas em mim como quem sai do Eixão e quer ir a uma quadra das 400.
Tentei mudar o rumo dobrando em alguma esquina, mas não haviam esquinas, me desesperei e pensei em caminhar pelas ruas, mas não havia calçada, pensei em sentar em uma praça para pensar no que fazer, mas a “Palato” deveria estar cheia de adolescentes, pensei talvez em sentar à sombra de uma árvore, uma manga provavelmente cairia em minha cabeça.
Revoltada e desacorçoada busquei asilo na esplanada, a praça estava cheia de pombos causando alvoroço, precisava fugir daquela paisagem fria e seca de concreto armado, pensei em ir até o lago, mas me deparei com arcos entrelaçados de metal retorcido e mais toneladas de concreto.
Disse a mim mesma: partirei desta cidade! Pegarei a saída sul ou norte, mas partirei.
Sentei para ler o Correio na busca de um motivo para ficar, a manchete era sobre o governo derrubando mais casas de famílias humildes e orgulhoso anunciando o Noroeste como solução de moradia - lugar onde o metro quadrado já vale mais de dez mil reais.
Disse não, não posso me deixar abater, tenho que lutar! Busquei meu bar favorito, mas não encontrei vaga, nem na quadra! Fui até o parque para dar uma volta no “pedalinho”, lá eu encontraria paz. Cadê o pedalinho? Só ficaram os patos mau-humorados.
Não, não, não é possível, vou para saída sul! O engarrafamento começava da oito...
Fui até a Torre para dar uma última olhada na cidade, só consegui ver os prédios que se adonaram do Eixo Monumental. Onde foi parar o avião?
Já sei, vou para saída norte, o “buraco do tatu” parecia um imenso aquário de tanta água, inclusive haviam alguns “carros peixe” nadando na sua imensidão.
Sem escolha passei pela rodoviária, parei no semáforo e um mar de gente cobriu meu carro, vinham de todos os lados apressados para não perder a condução. Foi uma visão angustiante!
Dei a volta e segui no Eixo Monumental sentido Memorial JK, o mar de carros era sufocante e tornava a marcha muito lenta.
Notei o céu tão azul que os olhos doíam, ele havia me seguido o dia todo, eu nem o notei. Naquele momento o sol decidiu partir e o céu que outrora era azul ficou lilás, vermelho, rosa, multicolor.
Então vislumbrei que a realidade não era tão monocromática. No fim do dia e no começo de um novo a realidade torna-se multicolor no céu de Brasília.
Dada a minha natureza guerreira não me conformei de pronto. Me sacudi tanto quanto alguém que passa na EPIA em reforma, chutei como atacante do Gama, fiz tanto barulho quanto as cigarras na primavera, discursei como os político no Congresso, dei voltas em mim como quem sai do Eixão e quer ir a uma quadra das 400.
Tentei mudar o rumo dobrando em alguma esquina, mas não haviam esquinas, me desesperei e pensei em caminhar pelas ruas, mas não havia calçada, pensei em sentar em uma praça para pensar no que fazer, mas a “Palato” deveria estar cheia de adolescentes, pensei talvez em sentar à sombra de uma árvore, uma manga provavelmente cairia em minha cabeça.
Revoltada e desacorçoada busquei asilo na esplanada, a praça estava cheia de pombos causando alvoroço, precisava fugir daquela paisagem fria e seca de concreto armado, pensei em ir até o lago, mas me deparei com arcos entrelaçados de metal retorcido e mais toneladas de concreto.
Disse a mim mesma: partirei desta cidade! Pegarei a saída sul ou norte, mas partirei.
Sentei para ler o Correio na busca de um motivo para ficar, a manchete era sobre o governo derrubando mais casas de famílias humildes e orgulhoso anunciando o Noroeste como solução de moradia - lugar onde o metro quadrado já vale mais de dez mil reais.
Disse não, não posso me deixar abater, tenho que lutar! Busquei meu bar favorito, mas não encontrei vaga, nem na quadra! Fui até o parque para dar uma volta no “pedalinho”, lá eu encontraria paz. Cadê o pedalinho? Só ficaram os patos mau-humorados.
Não, não, não é possível, vou para saída sul! O engarrafamento começava da oito...
Fui até a Torre para dar uma última olhada na cidade, só consegui ver os prédios que se adonaram do Eixo Monumental. Onde foi parar o avião?
Já sei, vou para saída norte, o “buraco do tatu” parecia um imenso aquário de tanta água, inclusive haviam alguns “carros peixe” nadando na sua imensidão.
Sem escolha passei pela rodoviária, parei no semáforo e um mar de gente cobriu meu carro, vinham de todos os lados apressados para não perder a condução. Foi uma visão angustiante!
Dei a volta e segui no Eixo Monumental sentido Memorial JK, o mar de carros era sufocante e tornava a marcha muito lenta.
Notei o céu tão azul que os olhos doíam, ele havia me seguido o dia todo, eu nem o notei. Naquele momento o sol decidiu partir e o céu que outrora era azul ficou lilás, vermelho, rosa, multicolor.
Então vislumbrei que a realidade não era tão monocromática. No fim do dia e no começo de um novo a realidade torna-se multicolor no céu de Brasília.
PS: Os quadros também são criações minha.
4 comentários:
Acho que é a única coisa que vale a pena nessa cidade, o céu.
O céu e os amigos... de resto ela já cansou :/
Gostei do texto, ficou muito massa ! ;D
Minha cara, muito pertinente a abordagem sobre o assunto.
Por vezes fico a pensar que Brasília foi contruída por ETs, tipo cenário do "Marte ataca"... Confesso que adoro a arquitetura, não gosto muito do jeito dessa gente,e isso tudo em conjunto(apesar da cidade estar lotada)nos faz sentir tão sós... também sou vítima dessa solidão.
Não se encontra mais um lugar simples, um botequinho aconchegante que tenha porções e cerveja a preço honestos e música boa, onde as pessoas possam conversar com os amigos e conhecer gente diferente.
Às vezes o céu está rubro mesclado com um azul profundo e brilhante onde as nuvens dançam fingindo armar chuva, mas sou eu que estou monocromática!
Ah, adorei as obras, parabéns!
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