segunda-feira, 9 de março de 2009

Solidão


É sempre tão difícil ser importante.

Passamos a vida toda tentando importar, para alguém, alguma coisa, ou para nós mesmos.

Sabe o que importa, não importar importa!

Ninguém para enxugar uma lágrima, segurar a mão ou ouvir quando vociferamos que somos inúteis. Ninguém para dizer tudo bem, ninguém para dizer esquece, amanhã é outro dia.

Solidão não é um estado de espírito é um estado permanente, duradouro e sofrido.

Solidão não é algo que bate à sua porta é algo nunca bater... Solidão é assim, meio que sem rumo, sem jeito, sem chance.

Solidão é a desculpa para nunca mais sentir ou doer, gritar sem ser ouvido, chorar sem ser corrompido.

Solidão não mata, engorda! Solidão não se pede nem se esquece, solidão não puxa, arrasta e arrasa, solidão não é sentida, é vivida.

Perder não leva à solidão, querer leva. Solidão não se escolhe se é escolhido. Solidão é viver sem querer viver!

Solidão é sorrir sem jeito, mas sempre dar um jeito. Solidão não leva à loucura leva ao desespero.

Solidão não ensina, castiga, fustiga, instiga...

Solidão faz aflorar nosso lado perverso, malicioso, pernicioso, desperta o lobo chamado instinto, faz o santo de pecador e o pecador de santo.

Ela provoca, corrompe, deglute todos os princípios, afoga o erro e obscurece o juízo. Entorpece os sentimentos e aguça os sentidos. Te faz ter fome mesmo quando alimentado, sedento mesmo quando saciado, sombrio mesmo quando iluminado, louco, sem juízo, sem conseqüências, faminto por ter.

Solidão é meio que vida, meio que morte, meio que ter sem ter, meio que nunca tendo, quase sempre perdendo.

Ousados são os solitários, pois a vergonha não lhes acompanha, a sobriedade lhes abandona e o mundo os exclui.

Solitário, sou, sem vergonha, mais instintos que sentimentos, mais animal, mais eu, mais seu, muito mais meu!

Um comentário:

Andrézão disse...

Como proferiu um "sábio" amigo meu em um momento de reflexão psicodélica: "O que importa é que nada se importa, tudo se exporta e o povo passa fome".